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Categoria : Eu na Arena!

Eu na Arena! Aprendendo futebol americano com uma torcida fanática
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Salto Alto


Crédito das fotos: Arquivo Pessoal

Por Marina Picolini *

Sábado, três horas da tarde, chega um SMS: “Marina, vamos ao jogo dos Badgers hoje?” . Eu já estava realmente pensando em ir, mas não tinha ingresso. Mas meu amigo me convence: “Relaxa que só eu tenho ingresso para o jogo, todos vão tentar comprar na hora!”. Para quem ficaria em casa sem ter o que fazer…. topei na hora e fui ao encontro do pessoal. Badgers é o time de futebol americano da Universidade de Wisconsin, que no caso jogou contra a Universidade de Utah.

A cidade simplesmente para, todo mundo, todo mundo mesmo se mobiliza para assistir à Liga Universitária de Futebol Americano do meio-oeste dos EUA, Big Tem, seja estudante da Universidade ou morador. E o mais engraçado, todos com a camiseta vermelha, e muito churrasco e festa por todos os bairros. Era o esquenta para o jogo, que aqui eles chamam de “cookout”, pois como o estádio pertence à universidade, é proibida a venda de qualquer bebida alcoólica durante o evento.

O Camp Randall comporta 82 mil pessoas e como aqui não existem muitas vagas para carros, e as que existem são pagas, a cidade disponibiliza maior numero de ônibus para a locomoção da população. Isso com certeza tem muitos créditos à frente do Brasil.

Bom… chegamos na frente do estádio depois de meia hora de caminhada e exatamente a uma hora do jogo. E lá vamos nós na busca por convites… Éramos nove e tínhamos dois convites para a área de estudantes, a mais animada. Convites para as outras áreas eram fáceis, mas todos queriam a de estudantes. No fim, graças a um amigo paulista, muito esperto, encontramos mais sete ingressos.

E lá vamos nós 10 minutos antes do início do jogo, e uma multidão entrando…. por incrível que pareça, muito civilizado, cada um respeitando o seu espaço e seguindo o fluxo.

Após cinco minutos, já estávamos na arquibancada. Como o jogo era em casa, dominávamos quase todo o estádio. Tinha um tipo de fanfarra da UW, as ‘cheerleaders’, e algumas garotas mostrando com bandeiras o nome do estado – Wisconsin. Nessa hora, lá vai a Marina dar mais uma nota fora. “Ai gente, se eu estudasse em uma universidade aqui, eu com certeza seria cheerleader”. E todo mundo do grupo caiu na risada, também, não era para menos…

Começa o jogo e lá vai a agrônoma tentar entender. É claro que eu estava boiando, mas os meus amigos brasileiros entendiam tudo sobre as regras e com muita sorte eles sempre me explicavam. Olha, gente, eu custei a entender e era toda hora a Marininha perguntando: “mas o que é isso? Tem 50 jogadores? Cada hora entra uma turma? Claro…. tem um time para ataque e outro para defesa. O que aconteceu agora? Por que o Quarterback saiu? Eles têm dois jogadores com o mesmo nome?” Depois eu aprendi que o quarterback é uma posição no jogo, no caso o capitão, o cara que arma a jogada, e não o nome de algum jogador….

Os Badgers estavam jogando mal no primeiro e segundo tempo, estávamos perdendo, mas a torcida reanimou, as cheerleaders dançando e organizando a torcida para fazer barulho a toda hora. Nunca vi tantas “ondas” organizadas, elas iam e voltavam, e todos participando, inclusive o pessoal da arquibancada. Espetacular!

Bom,  deu o intervalo e lá se vão todos os jogadores para o vestiário. Sem brincadeira, uns 50, 60 [jogadores] só do nosso time. Inicia o terceiro tempo e  parece que o treinador deu uma bela chamada de atenção nos jogadores. Os Badgers fazem o “touchdown”. A torcida vibra, muito emocionante, todo mundo que está sentado perto batem palmas uns com os outros, não importando se são amigos ou não, fora os fanáticos pulando e abraçando os amigos!!! E parece que o time adversário não consegue mais jogar, acho que foi a pressão da torcida.

No pequeno intervalo entre o 3º e 4º tempo, tem mais uma tradição dos Badgers, uma música muito animada que chama Jump Around, e a torcida inteira pulando e cantando. É contagiante!!!

Encaminhamos para o 4º tempo e nada, ninguém pontuando, até que Utah, o time adversário, recebe uma penalidade do juiz a uns três minutos de acabar o jogo, e tem que retornar algumas jardas. Ufa! Que alívio! Se não bastasse, faltando 11 segundos para terminar o jogo, o time adversário desiste da jogada e tem direito a um chute ao gol. Olha, nunca houve tanta vibração negativa da torcida e vaias… E o cara errou, acreditem ou não. Depois foi só alegria. Placar final: Badgers 16 e Utah 14.

Para sair do estádio, a maior paz do mundo, todos respeitando o seu espaço, pois havia muitas crianças e pessoas de idade. Sem sombra de dúvidas foi uma experiência muito boa, o evento é sensacional, cansativo, afinal levou em torno de 3 horas e meia, mas vale muito a pena. Se vier para os EUA, não deixe de ver um jogo desses, mas vá de tênis, pois ficar em pé e pulando de chinelo ninguém merece!

* Marina Picolini, engenheira agrônoma, 23 anos.

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Eu na Arena! De repente, Roland Garros!
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Salto Alto

Nunca fui espectadora fiel de nenhum esporte, provavelmente porque quando jogadora sempre fui meio desajeitada. Em qualquer modalidade, a bola e eu nunca fomos grandes companheiras, desde os tempos em que eu era a última a ser escolhida nos times da escola. Nem por isso levei uma juventude sedentária: pelo contrário, acredito que foi justamente esse desarranjo com as quadras que me levou a praticar balé por mais de dez anos e a me tornar uma espectadora quase exclusiva de dança. Plateia para mim se relacionava automaticamente com coreografia, dificilmente com algum esporte.

Essa paixão artística me levou a uma pós-graduação na área socio-cultural em Paris. Apesar de morar bem de frente para um dos maiores estádios da cidade, passei os anos de 2011 e parte de 2012 alheia aos campeonatos dali, como costumava fazer em São Paulo.

Até que em junho recebi a visita do meu irmão, fã de tênis, que se surpreendeu ao ver que as partidas decisivas de Roland Garros estavam acontecendo ali tão perto e eu nem me havia dado conta. A empolgação dele me contagiou e também convenceu meu namorado Arthur (na foto ao lado), que tampouco se liga em campeonatos esportivos. Depois de uma dor de cabeça tentando achar ingressos de última hora pela internet, só encontrávamos entradas que superavam os 100 euros para um único dia.

Quando já estávamos desistindo, encontramos meio escondido um link para um ticket que me soava uma cilada: um bilhete que permitia entrar a partir das 4h da tarde, já no terceiro dos três jogos diários. Para quem tenta a sorte aí, resta torcer para que o segundo jogo enrole nos empates, ou que por alguma zebra um jogador renomado tenha caído para essas horas finais na chave. Além de custar menos de 30 euros, as filas provavelmente não seriam tão longas, o Sol já daria uma trégua, e algum tenista célebre poderia dar as caras, para a alegria do meu irmão. Resolvemos arriscar.

Para nossa surpresa, conseguimos lugares muito bons para assistir ao badalado francês Jo-Wilfried Tsonga contra o novato alemão Cedrik-Marcel Stebe. Nada mal para quem quase desistiu! Bastam alguns minutos em Roland-Garros para notar uma organização impecável que deve ficar de exemplo para todos os esportes, assim como a educação e o respeito da plateia.

Logo nos primeiros lances, flagrei meu coração vibrando com cada ponto. Eu que jamais me imaginaria muito envolvida com qualquer partida, notava minha respiração suspensa durante aqueles milésimos de segundos a esperar a perigosa queda da bolinha. Assistir ao francês em seu próprio país completava o clima, já que praticamente todo o público dava uma força especial para seu compatriota, enquanto estampava azul, branco e vermelho por todos os lados. Depois de quase três horas e interrupção pela chuva, essas vibrações ajudaram Tsonga a passar para a fase seguinte.

Algumas unhas roídas depois, voltei para casa com uma imagem totalmente diferente do tênis, que com sua reputação pacífica e disciplinada tem muito a ensinar a outras modalidades. Mais do que isso, percebi que muitas vezes uma postura um pouco arredia a campeonatos não passa de um desconhecimento gerado por puro preconceito. Um episódio assim mudou minha maneira de pensar não apenas sobre o esporte, mas sobre meu posicionamento em relação a tantas outras práticas que eu deveria estar mais aberta a conhecer.

* Aline Khoury tem 23 anos e é socióloga


Eu na Arena! Um inesquecível primeiro jogo do Flamengo no Maracanã
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Por Priscilla Souza*

“Domingo, eu vou ao Maracanã, vou torcer pro time que sou fã. Vou levar foguetes e bandeira. Não vai ser de brincadeira, ele vai ser campeão. Não quero cadeira numerada, vou ficar na arquibancada pra sentir mais emoção.”

E assim foi, em um lindo domingo de sol na cidade maravilhosa, em um dos mais famosos estádios de futebol do mundo, que eu assisti a minha primeira partida de futebol em um estádio. Não teria lugar melhor no mundo para isso acontecer senão no estádio Mário Rodrigues Filho, o Maraca, onde Pelé marcou o seu milésimo gol.

Fomos eu e meu irmão Bruno, que tivemos o cuidado de ao chegar procurar a entrada certa e não encontrar com a torcida adversária, que era ninguém menos que o nosso rival Vasco, o eterno vice.

Na entrada, ao entregar o meu ingresso, me devolveram uma pequena parte que guardei na minha carteira como muitos fazem e que se torna uma pequena lembrança desse momento. Rampas e mais rampas até chegar próximo do campo, e no caminho você só ouve a euforia da torcida do Mengão crescer, e eu com o coração palpitando cada vez mais na ansiedade de ver de perto o campo e a torcida.

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E lá estava a maior e mais apaixonante torcida do mundo, vibrando e cantando, e tornando aquele lugar vivo, alegre, e cheio dos melhores sentimentos.

Uma coisa me preocupava muito, afinal o Felipe, que é vascaíno roxo, era o capitão do Flamengo na época e estava nesse jogo, o primeiro da disputa da final do Campeonato Carioca. Eu ficava imaginando: “Será que ele vai ser profissional nessa hora”?

Apita o juiz, e lá da arquibancada vi a bola rolar, e no mesmo instante a torcida que já estava cantando começa então a entrar num ritmo de euforia com empolgação. E na primeira tentativa de gol, o Felipe foi com tudo após receber a bola e por conta da defesa do rival não fez o gol. Dois minutos depois, já estava ele lá na área onde foi derrubado e infelizmente o pênalti não foi marcado.

O Flamengo chegava com tentativas de gol de todos os lados, de fora da área, de falta, jogadas aéreas, era uma atrás da outra e sempre com o Felipe nas jogadas com ótimos dribles, o que levava a torcida ao delírio. Cada jogada fazia com que aquela multidão elevasse mais a sua voz, e contagiasse mais ainda aos jogadores, como o próprio Felipe, que pedia do campo à torcida que participasse. Nessa hora eu já não estava mais tão com o pé atrás em relação a ele. Realmente o profissionalismo falava mais alto.

E aos 30 minutos do primeiro tempo, logo após a primeira tentativa de gol do Vasco, chega Felipe com uma ótima jogada, faz o passe e Ibson recua a bola para Rafael, que manda uma bomba pra dentro do gol que não deixou chances pro goleiro. Nessa hora eu me arrepiei inteira. Que emoção, que euforia! Aquela torcida imensa se levantando e dando o seu brado de vitória. “Sai do chão, sai do chão. É a torcida do Mengão!” Nessa época já existia a comemoração com dancinhas, e ao “som” de um reggae eles comemoram diante das câmeras o gol.

Em seguida mais um gol, mas logo foi anulado por erro do bandeirinha que marcou  impedimento sendo que estava na mesma linha. Seria um golaço de Jean, mas infelizmente  o juiz deu o impedimento. E aí já viu né? Coitado do juiz, a torcida grita tudo quanto é “nome”.

Falta batida, o Jean recebe na área e consegue fazer com que a bola não saia, cruza para Fabiano Eller que de cabeça finaliza. Que jogada linda, até o Abel Braga saltou de alegria com toda a torcida rubro-negra. Não tem como segurar a voz, somos embalados por aquele mar de gente que contagia a qualquer um com a alegria.

Alguns minutos depois, o Vasco bate uma falta que para na barreira, e Cadú manda pro gol a poucos metros do goleiro, mas Júlio Cesar faz uma bela defesa. No final do segundo tempo, o Vasco apareceu, fez mais tentativas de gol, e foram várias defesas sensacionais do Júlio César. Cada defesa aliviava o nosso coração, ufa! “Vaaaaai Júúúlio Césaaaarr!”

Pouco antes de terminar a partida resolvemos ir embora para não pegar o tumulto da saída, o que foi melhor, pois não vi o gol do Vasco aos 47 do segundo tempo.

Mesmo saindo antes, boa parte da torcida também já estava indo embora, todos com o sorriso estampado no rosto, uma alegria irradiante. E fora do Maracanã aquele marzão de gente, cantando e sorrindo por mais uma vitória.

Hoje moro em São Paulo, já assisti a jogos com todas as torcidas dos times daqui, e posso dizer, nada se compara à torcida do Flamengo dentro do maracanã.

Foi uma experiência maravilhosa e ímpar, momentos que lembrarei até o fim dos meus dias, afinal, “uma vez Flamengo, Flamengo até morrer.

*Priscilla Souza tem 27 anos

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Eu na Arena ! A torcida na África do Sul, o legado da Copa e um ‘elefante branco’
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UOL Esporte

(Crédito das fotos: Arquivo pessoal)

Por Thaís Pinheiro*

Em uma viagem, seja para longe ou para ali perto, não há melhor jeito de conhecer a cultura de um povo senão vivenciando suas atividades cotidianas. Eu, em um intercâmbio na África do Sul, não perderia a oportunidade de ver como eles se relacionam com futebol, uma das maiores paixões brasileiras – e minha também – e que pode dizer tanto sobre o comportamento humano.

Naquele país, o futebol ganhou destaque em 2010 por conta da Copa do Mundo, e eu aproveitei para conhecer um dos estádios que receberam os jogos oficiais, na Cidade do Cabo, onde estava morando. O “Cape Town Stadium” é um dos novos monumentos da cidade, é sempre um ponto de referência. Mas, aos poucos, é possível entender por que os moradores dali o consideram um verdadeiro “elefante branco”.

Lendo os jornais locais, ficamos sabendo – eu e alguns amigos – que naquela semana aconteceria um clássico, válido pelo campeonato nacional, entre Ajax e Santos. Fomos logo comprar ingressos para garantir nossos lugares. Eu, que frequento estádios aqui no Brasil e estou acostumada com a violência que cerca os clássicos, logo me preocupei em pesquisar quais as cores dos uniformes usados pelos times para usar uma roupa “neutra” e não correr riscos. Não fazia ideia de quão neurótica eu estava sendo!

Pra começar, as torcidas entram juntas e se misturam nas arquibancadas. Sem qualquer sinal de tumulto. E não é aquela empolgação toda que acontece nos jogos por aqui, eles são mais contidos. Apesar de ser um clássico local, o estádio é enorme e não chegou a ter nem mesmo 50% de lotação. Aqui, um truque: nem é preciso pagar 40 rands (R$ 10) pelo ingresso, basta chegar um pouco antes do jogo que sempre tem alguém distribuindo os bilhetes gratuitamente.

O futebol não é o esporte mais popular entre os sul-africanos. Aliás, ele perde de longe para o rúgbi. Conversando com alguns torcedores durante o intervalo da partida, eles deixaram bem claro que essa história de bola nos pés ainda é sinônimo de “esporte para negros”, enquanto a bola oval é ligada à elite branca. Essas são as marcas do apartheid, que se instalou na África do Sul por quase 50 anos e que teve seu fim decretado há quase 20.

Questões raciais à parte, fiquei impressionada com a beleza o Cape Town Stadium. Ao entrar ali e subir as primeiras escadas, já avistei o gramado e, naquela noite, parecia que tinha um sol iluminando toda aquela grama verde. Tudo muito limpo, cadeiras conservadas… De fato, um estádio “de Copa” é muito diferente do que estamos acostumados a ver por aqui. O modo como a torcida se comporta também. Todos sentados, apenas deixam as suas cadeiras para comemorar um gol ou para “espantar” uma jogada de perigo. Confesso que foi difícil manter essa postura, logo eu que “vou de arquibancada pra sentir mais emoção”.

Depois dos primeiros 10 minutos, decidi que ia torcer pelo Ajax, que jogava melhor que o Santos – ainda que esse “melhor” não seja assim tão bom. E logo no primeiro tempo saiu o gol do “nosso” time. No intervalo, pausa para comprar bebidas e salgadinhos nas cantinas do estádio, com direito a copos de plástico promocionais da Copa de 2010 – viraram souvenir.

No segundo tempo, sentamos mais perto de onde tinha um pessoal mais animado e até uma espécie de “fanfarra” tocando músicas variadas. O Ajax abriu a guarda e acabou cedendo o empate ao Santos, que em nada lembra o xará dos lados de cá do Atlântico. Fim de mais um jogo por ali, sem muita euforia, bem organizado e que deixou uma dúvida: será que todo o investimento feito em grandes obras como estas têm o devido retorno à população local ou também ganharemos nossos próprios “White elephants”?

*Thais Pinheiro é jornalista e tem 24 anos

 

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Eu na Arena! – A rotina de uma IronFamily
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Crédito das fotos: Arquivo pessoal

Por Livia Borges*

“Meu marido é triatleta. Um esporte que a cada dia vem ganhando mais adeptos. No triatlo, os corajosos nadam, pedalam e correm. Geralmente, as distâncias são medidas em quilômetros, pra assustar qualquer desinformado logo de cara.

O tamanho das provas varia. Pode-se fazer um short distance, com 750 metros de natação, 20 km de bike e 5 km de corrida, ou um Ironman, que são 3,8 km de natação (geralmente no mar!), 180 km de pedal e 42 km de corrida. Existe ainda o Ultraman, para os insanos.

Meu maridão, inquieto, megadedicado e automotivado, resolveu que queria fazer um Ironman. Tudo começou no ano de 2009. Depois de ter completado a Maratona de São Paulo, ele achou que treinar só corrida estava muito maçante, começando a ficar chato. Comprou uma bicicleta. Bem meia boca, só pra testar e ter certeza de que gostaria da nova modalidade. Gostou!

Depois de seis meses de treino já completou um short distance; um ano depois, fez provas na distância olímpica (1,5 km, 40km e 10km) e, preparando-se para a primeira prova de Ironman em 2011, fez provas meio Ironman.

Só quem é mulher/noiva/namorada de um triatleta sabe o perrengue que é. Primeiro porque eles amam as bicicletas deles! Elas valem um bom dinheiro e eles brigam para que sejam cada vez mais leves e aerodinâmicas. Compram milhares de acessórios, levam pra revisão todo mês, mandam lavar.. só falta colocar na cama do casal! Segundo, porque a tralha de treino ou prova é imensa! Além da intocável bicicleta, eles carregam sunga, óculos, touca, roupa de borracha; capacete, sapatilha, óculos de sol, câmara de ar, bomba de pneu; tênis de corrida, boné, etc, etc, etc. Acho que um check list completo chega a quase 80 itens!!

Para aguentar esse tempo todo de prova, a comida também é diferenciada. Tudo integral, muitas frutas e também suplementos, cápsulas, gel de carboidrato, bala de sal… não é exagero, hein? Tudo o que uma pessoa normal come, meu marido multiplica por 3. Eu como 2 colheres de arroz e 2 de feijão. Ele, 6 de cada. Eu como 1 bife. Ele, 3! Doces, frituras e refrigerantes não o pertencem mais. E mesmo assim ele é feliz.

Quando ele decidiu partir para as provas mais longas, apoiei a decisão porque também sempre gostei de atividades físicas ao ar livre. Ele gastava horas nos treinos de final de semana e, pra não ficar sozinha em casa, resolvi começar a treinar também. Não sou bruta como ele, mas eu vou. Antes da minha gravidez, consegui cumprir um short.

Somos casados desde 2008 e hoje somos pais do Felipe, o IronBaby de 8 meses. Esse, inclusive, já cruzou a linha de chegada de dois Ironman. O primeiro, no ano passado, quando estava ainda na minha barriga. E o segundo este ano, chegando no colo do pai.

O Ironman é uma prova única. É realizada no Brasil apenas uma vez por ano e distribui vagas para o mundial de Ironman, que acontece no Havaí. Os melhores de cada categoria ganham o direito de se inscreverem no mundial e, por isso, é uma prova muito disputada. A largada é dada às 7 da manhã e os quase 2 mil atletas têm um prazo de 17 horas para terminar, ou seja até meia-noite. Imagina sair de casa antes do pôr do sol e chegar depois do Corujão!

No primeiro ano, meu marido terminou em 10h06min. Tempo ótimo para um iniciante! Este ano, terminou em 9h32min. Com este tempo, ele ficou em 11º na categoria dele. Chamaram até o 10º para o mundial.. rsrs. Para diminuir esse tempo de um ano pro outro, muita coisa aconteceu. Muitas histórias boas para serem contadas numa próxima prosa.”

*Livia Borges é jornalista e tem 30 anos

 

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Conte suas histórias esportivas e participe do Salto Alto na seção Eu na Arena!
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Aqui no Salto Alto, internauta também tem vez. Por isso, vamos estrear nesta semana a seção Eu na Arena!, onde você vai poder contar suas histórias que tenham o esporte como pano de fundo.

Pirou ao conhecer um museu de clube de futebol no exterior? Foi um dos 10 gatos pingados que estiveram em todos os jogos de um time do interior na campanha da segunda divisão estadual? Viu in loco uma Olimpíada? Ficou impressionada ao assistir a um jogo de beisebol em um daqueles estádios enormes, mesmo sem entender nada das regras? Foi campeã de um torneio de vôlei intercolegial? Seja qual for a sua história, conte pra gente e nós publicaremos aqui no blog.

Basta mandar seu texto e algum registro fotográfico da sua aventura para o e-mail blogsaltoalto@bol.com.br. Semanalmente, publicaremos as melhores histórias aqui.


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